segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Tarefa Cumprida (?)

Estou cursando pós graduação em Metodologias e Gestão em Educação à Distância e durante 4 semanas fui estimulada a acompanhar blogs que tratam do assunto e a interagir com eles. Acompanhei diversas discussões; dentre elas:
1)     O debate do Conselho de Serviço Social se posicionando contra a educação à Distância na Campanha “Educação não é fast food”;
2)     Blogueiros, como o professor João Mattar, que apoiavam a campanha apesar de fies partidários da EaD; isto em razão das escolas em EaD praticarem de maneira inadequada a educação on line,
3)     Juristas defendendo a EaD nos cursos de Direito, sendo que estes também oferecem resistência à mesma,
4)      Tentativas de políticos de aprovarem leis para organizar e limitar a EaD;
5)     Notícias sobre o despreparo dos professores para conviver com a tecnologia digital em contrapartida à habilidade dos jovens alunos;
6)     A falta de maturidade dos alunos para conviverem num espaço educacional virtual;
7)     Erros que os professores podem cometer sendo tutores se não estiverem pedagogicamente preparados para vivência da educação on line,
8)     O dilema do não-convívio físico humano nas relações on line,
9)     Quais competências os professores-tutores deverão desenvolver para atenderem às demandas nas relações de ensino-aprendizagem on line,
10) A facilidade de estudar através da internet diante da vida profissional mais agitada e mais corrida,


Inicialmente agi pautada pela responsabilidade em realizar os trabalhos propostos pelo curso. Participei ativamente lendo vários posts dos blogs que estava seguindo e até das minhas colegas que cursam a pós comigo; fiz comentários e questionamentos, em especial,  a respeito de como faremos para equalizar uma educação de qualidade às realidades digitais vivenciadas pela sociedade e ainda, como pensar a educação on line sem excluir o contato humano.
Pensava de maneira preconceituosa, à princípio, mas também procurando ver o lado bom da EaD.  Penso que isso é natural do ser humano: estranhar o novo e não saber como lidar com ele.
Depois confesso que “tomei gosto pela coisa” e que vou continuar blogando. Comecei a perceber como há uma vastidão de estudos que embasam a possibilidade de uma educação à distância de qualidade; como a pedagogia trabalha arduamente para isso e os progressos já visíveis nesta área. Me encantei como as ciências que atuam com a educação e se preocupam o tempo todo em reconhecer e respeitar a relação congnitivo-afetiva na EaD.
Tais leituras e estudos me  permitiram crer num formato de educação, onde talvez, ouso dizer, pela única vez no mundo, o saber está sendo socializado verdadeiramente, alcançando a todos que  queiram obter conhecimento através da internet.

Segundo Assmann:

“ Está surgindo uma hipótese desafiadora: a humanidade entrou numa fase na qual nenhum poder econômico ou político é capaz de controlar e colonizar inteiramente a explosão dos espaços do conhecimento. A internet é um exemplo para entender o que se pretende dizer com essa hipótese. Por isso a dinamização dos espaços do conhecimento se tornou a tarefa emancipatória politicamente mais significativa” (ASSMANN, 2007, p. 27)

Perceber a importância da internet na educação à distância, através dos estudos sobre a história desta me fez pensar sobre tal socialização do saber e também que, tais discussões tão calorosas sobre a EaD ser um método adequado ou não somente são possíveis em razão da existência da própria internet.

Além de discussões já há também muitos regulamentos do MEC disciplinando a EAD, mas também há muito equívoco da sociedade em conviver com ela.

Penso que este seja um momento revolucionário de transição na educação, mas que ainda não estamos perto do modelo desejável de EaD. É um momento de mudança, estamos tentando nos adequar e nos esforçando para isso; não basta dizer se “acha” que é bom ou ruim, devemos nos empenhar para que haja frutos dessa relação, para que tal vivência seja proveitosa, verdadeira, madura e feliz; do contrário, devemos seguir em frente e encontrar o verdadeiro ponto de equilíbrio, como em tudo na vida deve ser.

“Em síntese, a discussão sobre o conhecimento abarca hoje todos os processos naturais e sociais onde se geram, e a partir daí são levadas em conta, formas de aprendizagem. Tudo aquilo que é capaz de aprender cumpre processos cognitivos...Um tema-chave para a escola do futuro é, sem dúvida a interatividade cognitiva entre aprendentes humanos e máquinas “inteligentes” e aprendentes.” (ASSMANN, 2007, p. 25).

Referências Bibliográficas:

ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação. Petrópolis:Vozes, 2007.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Competências Digitais

Tantas inovações advindas da presença da internet e outras tecnologias digitais nos colocam frente a um desafio docente e dicente: desenvolver competências digitais para conviver na EaD.

Insisto; este é um desafio tanto de nós professores quanto de nossos alunos. E devemos refletir muito sobre que professores devemos ser na EaD.

As pesquisas apontam para uma maior inabilidade dos professores sobre computadores, internet, redes sociais e outras tantas ferramentas digitais (http://estadao.br.msn.com/educacao/professor-sabe-menos-de-computador-que-o-aluno?wa=wsignin1.0http://www.educacaoadistancia.blog.br/professor-ainda-ve-o-computador-como-intruso-na-sala-de-aula/); no entanto, nossos alunos, que em sua geração aprendem fazendo, deverão, a partir de agora, não só aprender a manipular tais ferramentas mas deverão saber o objetivo, o momento e formas oportunas. É muito bom surfar na internet, bater papo, encontrar amigos, compartilhar vídeos e fotos mas é preciso consciência que esta ferramenta nos permite o início de uma revolução do saber, mais socializado através da internet. Há grande utilidade na construção do conhecimento; eis a razão da EaD, penso.

Logo, os professores deverão aprender sim a serem mais conectados, mas os alunos deverão aprender uma forma de conexão madura e autônoma. 

A internet, assim como outras ferramentas deve possibilitar a mediação no ensino-aprendizagem visando ao desenvolvimento humano.

Acredito que tal conceito de competências digitais ainda mereça muito estudo e muita reflexão antes de ser difundido, no entanto, não há como deixar de pensar sobre. E, como diria Cortella (2007),  reconhecer o desconhecimento sobre certas coisas é sinal de inteligência e um passo decisivo para a mudança.

Emprestando os conceitos da Pedagogia e da Administração competência é a capacidade de mobilizar conhecimentos, habilidades e  atitudes visando um resultado (Chiavenato) ou a facilidade de mobilizar recursos cognitivos para solucionar situações (Perrenoud). Sendo assim, quais seriam as situações que nos esperam na EaD e quais conhecimentos, habilidades e atitudes devemos desenvolver estando à distância sejamos professores e/ou alunos?

Querem pensar comigo? Estou super afim de sugestões....

Referências Bibliográficas:

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas e o novo Papel dos Recursos Humanos nas Organizações.RJ: Elsevier, 2004.

CORTELLA, Mário Sérgio. Qual é a tua Obra? RJ: Vozes, 2010.

VIII Encontro de Pesquisadores em Educação: Currículo da Pontifícia Universidade Católica  de São Paulo, 2009. disponível em :http://www.slideshare.net/NeliMaria/competncias-digitais-uma-nova-dimenso-para-o-currculo-a-tecnologia-e-o-desenvolvimento-humano, acesso em 24 ago 2011.

Professor ainda vê Computador como Intruso na Sala de Aula. disponível em http://www.educacaoadistancia.blog.br/professor-ainda-ve-o-computador-como-intruso-na-sala-de-aula/, acesso em 24 ago. 2011.

Professor Sabe Menos de Computador que o Aluno. disponível em http://estadao.br.msn.com/educacao/professor-sabe-menos-de-computador-que-o-aluno?wa=wsignin1.0, acesso em 24 ago. 2011.

EDC - Educação à Distância 2007.2. disponível em http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=13137&chapterid=10638, acesso em 24 ago. 2011.





quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Perto ou Distante?

Tenho percebido que a partir da minha postagem inicial vários comentários demonstram uma mesma inquietação: como cuidaremos do convívio humano tão necessário na formação de profissionais que optaram por um curso à distância.

Pois bem, não defendo a idéia que o convívio deva ser excluído do ensino-aprendizagem, mas acredito que a educação à distância possa ser sim um elemento inovador que agregará novos valores e novas formas de conhecimento; por isso, a mesma deve ser adicionada à formação profissional e não ser uma substituta da educação já existente; isto na graduação.

Quanto ao professor estar presente fisicamente acredito que isso não seja o fato determinante para que a EaD seja considerada boa ou ruim; como comentado aqui em outras postagens por leitores, à vezes, convivemos com pessoas em nossa casa, em nosso dia-a-dia e mesmo assim há distância. Então, quando é que estamos de fato perto de alguém? Quando é que realmente estamos juntos de nossos alunos? Será a sala de aula física que nos aproxima mesmo ou podemos nos aproximar de outras maneiras?

Segundo Miguel G. Arroyo, " é de nosso ofício transmitir, ensinar e internalizar competências, formas de pensar, valorar e sentir que acompanharão os educandos na vida ativa, social e produtiva. Mas como cumpriremos essa função social? Ilustrando suas mentes e ensinando conhecimentos e formas de conhecer." (grifos nossos)

Ensinar-aprender é mais do que estarmos frente-a-frente num espaço físico. Envolve afetividade, inclusão do outro nessa relação; aceitação. Como ignorar a tecnologia digital do mundo de nossos educandos?

"...um bom docente será também um bom tutor. Um bom docente “cria propostas de atividades para a reflexão, apóia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece explicações, facilita os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apóia, e nisso consiste o seu ensino”. Da mesma forma, o bom tutor deve promover a realização de atividades e apoiar sua resolução, e não apenas mostrar a resposta correta; oferecer novas fontes de informação e favorecer sua compreensão. “Guiar, orientar, apoiar” devem se referir à promoção de uma compreensão profunda, e estes atos são responsabilidade tanto do docente no ambiente presencial como do tutor na modalidade a distância" (LITWIN apud MACHADO; MACHADO)

Penso que seja assim que devemos cumprir nosso "ofício"; respeitando a realidade de nossa sociedade aprendente no momento em que ela convive e quer conviver com a internet.

"Todo conhecimento é humano, poderá e deverá ser útil, imprescindível. Poderá desenvolver a consciência e a lógica, o raciocínio e a sensibilidade, a memória e a emoção, a estética ou a ética. Depende do nosso trato pedagógico..."(ARROYO, 2000, p. 215)


Referências Bibliográficas:

ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. p. 182/183 e 215)
MACHADO, L. D.; MACHADO, E. de C. O papel da Tutoria em ambiente de EaD, 2004. Artigo publicado http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/022-TC-A2.acesso em 17 ago. 2011).




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A Prática do É Dando que Recebe na EaD

"Vigora, portanto, uma circulação entre o dar e o receber, uma verdadeira reciprocidade. Ela representa, num sentido maior, a própria lógica do universo como não se cansam de enfatizar biólogos e astrofísicos. Tudo, galáxias, estrelas, planetas, seres inorgânicos e orgânicos, até as partículas elementares, tudo se estrutura numa rede intrincadíssima de inter-retro-relações de todos com todos.  Todos co-existem, inter-existem, se ajudam mutuamente, dão e recebem reciprocamente o que precisam para existir e co-evoluir dentro de um sutil equilíbrio dinâmico." (BOFF, Leonardo.É dando que se recebe?. http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=16945&cod_canal=85, acesso em 10 ago. 2011.)

As relações humanas que vivemos perpassam a dinâmica da partilha. Se eu dou amor e carinho provavelmente é isso que receberei em troca e se não receber, talvez deixe de dar. Na educação, em especial neste momento, na educação à distância, todos temos algo a dar e a receber, já que o aluno traz suas experiências para o processo de ensino-aprendizagem e também porque não é uma conta depósito de informações, como diz  Paulo Feire.
A tecnologia digital, ressalte-se a internet, proporciona neste momento de evolução, que a educação à distância se aproprie dessas possibilidades de inter-relações mútuas para que o conhecimento de todos nós seja aprimorado nesta vivência. As partilhas que posso viver no momento em que dou e recebo conhecimento na educação à distância, onde  o aluno também é agente ativo da construção do seu saber, nos levam, a partir de agora, a um processo de mudança e evolução na educação; nossa tarefa é equilibrarmos todas essas possibilidades de maneira a propiciarmos a construção do conhecimento autônomo e harmônico.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

 Educação Pós-Moderna


Celular toca...

- Paulinho, meu filho, acorda e vai estudar!- Estou estudando, Mãe...- Paulinho, estou vendo pela webcam que você está deitado dormindo, levanta!- Ah... Mãe... já estudei muito hoje, só um cochilo...- Paulinho, acompanhei seu dia pelo Twitter e a única coisa que você não fez foi estudar. Por falar nisso, o que significa a postagem “com a Carlinha no meu quarto” às 14:15h?- Mãe, a Carlinha é da escola e veio aqui tirar umas dúvidas minhas para a prova de amanhã.- É mesmo Paulinho? Será que essa Carlinha é a mesma das suas novas fotos no Facebook, da noite “frenética” de ontem, que você me disse que ia passar estudando na casa do Jorginho? Até onde sei, sua prova amanhã é de matemática e não anatomia!- Paulinho, se eu receber mais um scrap de sua professora pelo Orkut, vou ter que enviar um email formal a diretoria de sua escola com as evidências dos “porquês” de suas notas baixas.- Mas, Mãe..... eu....- Paulinho, não tem mas, nem mais... Tô vendo aqui pelo GPS do seu pai que ele estará em casa em poucos minutos e vamos ter uma conversinha, viu mocinho? Assim que ele colocar os pés em casa, te mando um torpedo e quero você imediatamente aqui na sala.

A modernidade chegou para trazer, transparência, conectividade, controle e gestão em qualquer aplicação!Ana Flávia Corujohttp://pensador.uol.com.br/poemas_educacao/4/)
....
Ando lendo, ouvindo, estudando e pensando muito, mas muito mesmo sobre educação; em especial em educação à distância. Será que tanta tecnologia digital irá mesmo ajudar no processo de ensino-aprendizagem? Será que a internet será mesmo ferramenta indispensável nesse processo?
Há prós e contras ao se falar em Educação à Distância, como há o lado bom e ruim de tudo na vida, como há opções diferentes a depender do objetivo que temos.
         Lendo o blog do profº João Mattar ( http://blog.joaomattar.com/ fiquei conhecendo uma campanha chamada "Educação não é Fast Food" iniciada por profissionais da área do  Serviço Social. Além de conhecer a campanha, as considerações do professor Mattar me despertam para uma reflexão que começa a aprofundar : Como trabalhar a educação à distância de maneira humana e socialmente correta?

O Paulinho do texto acima também não permite negar que as tecnologias digitais estão aí por toda a nossa vida e porque não poderia estar na educação... Mas de que maneira?

Se a internet  me permite atravessar oceanos, conversar com pessoas, conhecer culturas, ler de tudo um pouco, talvez ela deva permitir avanços no processo de ensino-aprendizagem. Mas essa mesma internet não me permite sentir o cheiro da terra, o calor do sol e de um abraço apertado, não me permite sentir as sensações que posso ter ao abraçar alguém e sentir calor ao tomar sol. Não me permite ser educada cedendo um lugar no ônibus ou mergulhar bem dentro de mim e do outro ao dizer "eu te amo" olhando em seus olhos e segurando em suas mãos.

A sensação que tenho com a chegada da educação à distância em minha vida profissional é que acabei de chegar do supermercado com aquele monte de sacolas e produtos que precisam ser colocados em seus devidos lugares para que sejam bem aproveitados...